Plano Cultural

Introdução

Este Plano Cultural contém as diretrizes e recomendações resultantes do I Fórum Cultural da Rocinha realizado nos dias 21 e 27 de julho de 2007 com o objetivo de promover entre os atores culturais da comunidade uma discussão em torno de propostas para o desenvolvimento cultural do bairro.

Gerado de forma assim participativa, este documento tem como temática: a valorização da identidade e a preservação da memória do bairro; o incentivo às atividades e projetos culturais em curso; a demanda de novos projetos; a missão, a gestão e os projetos propostos para o Centro Cultural projetado para a Estrada da Gávea. A realização do Fórum proporcionou o encontro entre os diversos atores culturais do bairro, que puderam iniciar um diálogo direto com o Governo do Estado.

O I Fórum Cultural da Rocinha foi aberto no dia 21 de julho de 2007 pelo Secretário de Cultura do Estado do Rio de Janeiro Dr. Luiz Paulo Conde que presidiu a mesa integrada pelo Presidente da EMOP, Dr. Ícaro Moreno e os presidentes das três associações de moradores do bairro da Rocinha, UPMMR – William de Oliveira, AMABB – Wallace Pereira e ALVC – Carlos Costa. Os trabalhos foram coordenados pelo artista plástico e arquiteto Hilton Berredo.

Em 21 de julho de 2007 assinaram o livro de presença 90 pessoas e 53 preencheram fichas de inscrição.

Em sua reunião de encerramento, no dia 27 de julho de 2007, assinaram o livro de presença 88 pessoas e 22 novas pessoas preencheram fichas de inscrição.

DIRETRIZES E RECOMENDAÇÕES

Os debates realizados durante o I Fórum Cultural da Rocinha resultaram em diretrizes e recomendações para ações governamentais que visem implementar o desenvolvimento orgânico da cultura do bairro, isto é, ações amparadas na percepção de seus próprios atores culturais. São elas:

Ações para a preservação da MEMÓRIA E TRADIÇÕES CULTURAIS

1) A Criação do MUSEU DA ROCINHA

2) A documentação fotográfica das transformações do Bairro e sua edição em livro.

3) A reedição do livro Varal de Lembranças

4) A criação da Casa de Bamba para a valorização do samba de raiz, do samba de roda, com a participação da Velha Guarda da Rocinha.

5) O apoio às ações de preservação da cultura afro-brasileira e de resgate das festas tradicionais como as festas juninas, a folia de reis e o bumba meu boi.

6) A pesquisa e documentação dos mestres construtores que edificaram a Rocinha.

Ações para a valorização do PATRIMÔNIO CONSTRUÍDO

1) A continuidade do trabalho de documentação fotográfica dos edifícios de importância para a memória construída da Rocinha; dos que podem ser tomados como testemunhos do engenho e da criatividade nos desafios da construção local; e daqueles que são marcos de valor afetivo para a identidade da comunidade.

Obs - A Rocinha tem hoje um único imóvel com tombamento provisório da Prefeitura publicado no D.O. RIO de 5.12.2002. É o DECRETO nº 22.384 de 4 de dezembro de 2002 que tomba provisoriamente a casa da Estrada da Gávea nº 259/Rua 1 – 51 – casa 1, onde funcionou a Casa da Cultura. Não foi identificada, no entanto, nenhuma reivindicação de novos tombamentos. No entanto, os participantes do Fórum assistiram e aplaudiram na reunião de 27 de julho a apresentação multimídia dos fotógrafos da ONG Olhares do Morro que teve como tema as edificações e espaços citados espontaneamente nas entrevistas preparatórias para o Fórum, indicando assim fazerem parte da imagem da Rocinha: a Hípica - rua 1; a Casa da D Elisa; o valão; as garagens; a Igreja NS Boa Viagem; o chalé azul de madeira de 2 águas na Estrada da Gávea; o açougue e farmácia em frente ao antigo DPO; o largo do campinho da Cachopa; a praça de skate e a “fachada de frente da Rocinha”; o Largo do Boiadeiro; a Praça da Roupa Suja; as Cachoeiras; a Casa de cultura; o Calçadão do 99; o casarão da Associação Padre Anchieta e os muros de arrimo e pedra que configuram em inúmeros pontos a transformação da íngrime encosta do morro em terreno habitável

2) O apoio às atividades culturais nos espaços públicos do bairro, como a encenação da Paixão de Cristo ou as que animam o Campinho da Cachoupa, a Lage do 99 e o Visual do Laboariaux, bem como a requalificação desses e de outros espaços de convivência importantes para a vida cultural do bairro

Ações para o incentivo a ATIVIDADES E PROJETOS CULTURAIS EM CURSO

1) A disponibilização de orientação técnica da Secretaria de Cultura do Estado para projetos de patrocínio cultural pelo ICMS

2) A criação de um mecanismo que possibilite a recomendação dos projetos de interesse do bairro para os patrocinadores

3) O levantamento dos equipamentos culturais do Estado possíveis de serem colocados à disposição dos atores culturais do bairro para projetos de seu interesse

4) A continuidade do esforço de identificação e valorização dos atores culturais da Rocinha iniciado neste Plano Cultural com o objetivo de orientar o governante em sua política para o bairro.

Ações para suprir a DEMANDA POR NOVOS PROJETOS

1) A implantação de uma filial da Escola Villa-Lobos, conforme oferecimento do SR. Secretário de Cultura, Luiz Paulo Conde.

2) A criação de um Calendário Cultural da Rocinha

3) A manutenção de um Fórum Permanente de Cultura da Rocinha

4) A realização de uma apresentação para os atores culturais da Rocinha dos projetos e ações da Secretaria de Cultura do Estado para informar e promover uma interação com a comunidade, tal como sugerido pelo Sr. Ícaro Moreno

5) A construção de uma sala de cinema equipada a ser gerida por grupo do bairro

6) A realização na Rocinha do Projeto Lona Cultural

7) A construção de galpões apropriados para atividades não contempladas no projeto do Centro Cultural da Estrada da Gávea, tais como oficinas de escultura e pintura, salas de ensaios para teatro e dança, espaço para estoque, guardados e reservas técnicas

Diretrizes para O CENTRO CULTURAL DA ESTRADA DA GÁVEA

1) O Centro Cultural terá como missão: “Desenvolver ações culturais que promovam, estimulem e fortaleçam os atores culturais da Rocinha em sua diversidade, de forma a contribuir para o desenvolvimento cultural do bairro e a favorecer sua integração com a vida cultural do Rio de Janeiro”

2) Sua gestão se dará de forma a incluir a participação dos atores culturais do bairro, possivelmente através de membros delegados pelo Fórum Permanente de Cultura da Rocinha a se implementar

3) Sua atuação deve priorizar exposições, apresentações, encontros, palestras aulas e cursos; ações de apoio e intercâmbio com os pequenos centros de convivência do restante do bairro; a capacitação dos atores culturais na área de elaboração e desenvolvimento de projeto; o apoio ao citado Fórum Permanente de Cultura da Rocinha; o intercâmbio cultural de forma ampla; o apoio a formação de comissões para a discussão da cultura em suas relações com outras áreas

4) Sua programação deve incluir em seu público alvo tanto a 3a Idade quanto as crianças

5) O Centro Cultural deve receber uma dotação orçamentária que viabilize seu funcionamento básico, ainda que possa dispor da captação de recursos oriundos do ICMS e de parcerias com outras entidades e projetos de cultura


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